sexta-feira, 2 de maio de 2008

Pistas de Reflexão!!!

Evangelho da Ascensão do Senhor.(Mt. 28, 16-20)
Uma breve reflexão!!!

[1] Ricardo Serra

Neste domingo, a igreja celebra a Ascensão do Senhor. Para mim, assim como para toda a igreja, celebrar (tornar célebre, fazer memória) está para além dos atos celebrativos e da reflexão - se esta for somente teórica - dos textos que são próprios das solenidades.
Celebrar, mais do que lembrar, é atualizar de forma mais primaveril as proezas do Nazareno em nossos tempos. É ter a certeza de que nós tocamos como os apóstolos, os que acreditaram ou não terem visto o Menino Deus ressurgido, as suas chagas e contemplamos a sua glória.
Mas como isso se dá em nosso meio juvenil? O que essa solenidade nos traz de contato mais efetivo com o mistério? Bem, o primeiro fato é de que é preciso ter “fé em Deus e pé na taba”. A aparição do Senhor e sua subida gloriosa aos céus, nos quer dizer de um compromisso e de uma descida do monte, onde contemplamos Àquele que sobe, para o anúncio de uma Boa Nova de amor.
A Ascensão Gloriosa de Jesus traz dois pontos nos quais quero me deter para finalizar estas pretensas palavras: o primeiro, é que o Nazareno volta para o Pai não somente o espírito, mas todo o seu ser, afinal, alma sem corpo é fantasma e corpo sem alma é cadáver, e Jesus estava bem longe de ser isso. Com isso, Jesus nos chama também a integrar a nossa carne ao nosso ser espiritual, e, junto com ele, chegar ao Pai gloriosamente.
O outro ponto, e um dos mais belos, é a promessa infalível do Menino Deus que nos diz: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. Deus se revela em Cristo quebrando aquela concepção vinda de uma catequese equivocada, que nos diz que Deus nos vê. Não, vê pode trazer uma passividade que não é própria de Deus, com essa promessa o Menino Deus nos diz que nos assiste (vê e dá assistência) nos acompanhando e, a cada dia nos fazendo ascender um bocadinho mais!
Despeço-me de vocês então com as palavras do poeta Fernando Pessoa que nos fala dessa promessa de Jesus de estar sempre conosco:
“... Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda."
[1]Ricardo Serra. Seminarista diocesano, 1° ano de Filosofia.

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